Fórum Nordeste de Doenças Tropicais Negligenciadas acontece até esta sexta-feira na UFC
- dialogoce
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Com apoio do Ministério da Saúde (MS) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o evento acontece no Centro de Convivência da UFC, no Campus do Pici, com cerca de 250 participantes.

A Universidade Federal do Ceará (UFC) realiza até 13 de junho, o Fórum Nordeste de Doenças Tropicais Negligenciadas. Com apoio do Ministério da Saúde (MS) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o evento acontece no Centro de Convivência da UFC, no Campus do Pici, com cerca de 250 participantes.
O fórum tem como objetivo discutir estratégias de controle, eliminação e enfrentamento das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) com ênfase na região Nordeste. Em três dias de programação, o evento reúne especialistas, gestores, pesquisadores, profissionais da saúde e sociedade civil, com engajamento nos nove estados do Nordeste.
Promovendo o diálogo entre ciência, políticas públicas e inovação em saúde, o fórum traz conferências, apresentações culturais, palestras, módulos temáticos, grupos de trabalho e plenárias. O evento visa estimular a construção de conhecimento e a formação de redes de colaboração que possam contribuir para o enfrentamento dessas doenças.
O professor da Faculdade de Medicina (Famed) e coordenador do evento, Roberto da Justa, fala sobre o propósito do fórum. “Queremos possibilitar um ambiente de debates qualificados, reunindo pesquisadores, gestores em saúde pública, técnicos, bem como a sociedade civil organizada para produzir contribuições na perspectiva de avançar no controle e na eliminação das doenças tropicais negligenciadas”, destaca.
A programação foi dividida em duas etapas, a primeira com apresentações sobre as oito DTNs abordadas, focando na situação epidemiológica, avanços científicos e lacunas existentes. A segunda parte consiste em grupos de trabalho para discutir desafios nos níveis de atenção à saúde, linhas de pesquisa, ações de gestão e políticas públicas nos níveis municipal, estadual e federal, com ênfase no cenário das DTNs na região Nordeste.
Estavam presentes na abertura do evento a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFC (PRPPG), Regina Célia Monteiro, representando o reitor Custódio Almeida. Também marcaram presença o diretor da Faculdade de Medicina da UFC, João Macedo, além de representantes da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), da Sociedade Cearense de Infectologia (SCI), da Fiocruz e membros da sociedade civil.
As Doenças Tropicais Negligenciadas são causadas por agentes infecciosos e parasitários. Elas atingem, principalmente, populações de baixa renda que vivem em áreas tropicais ou subtropicais. Fazem parte desse grupo a dengue, leishmaniose, doença de Chagas, esquistossomose, tracoma, acidentes ofídicos, raiva humana, entre outras.
O Brasil concentra 90% dos casos de doenças tropicais negligenciadas nas Américas, Estima-se que 30 milhões de brasileiros estejam em risco de exposição a essas enfermidades. Apesar de representarem cerca de 15% da população, essa proporção aumenta para até 25% na região Nordeste.
Roberto explica que o fórum deve produzir um relatório com o conjunto de propostas e ações desenvolvidas nos grupos de trabalho. “Esse documento será utilizado como um referencial, será encaminhado ao Ministério da Saúde, às Secretarias Estaduais de Saúde, e será, enfim, disponibilizado publicamente para que seja um marco para futuros debates que possam ocorrer com relação a essas doenças tropicais negligenciadas”, ressalta.
A assistente técnica da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), Ana Paula Gomes, avalia a participação da equipe no evento. “Nós trabalhamos com doenças tropicais negligenciadas. Como isso é uma vivência do nosso dia a dia, a gente sempre está nesses eventos para ajudar a dar uma maior visibilidade com relação a esses pacientes que são acometidos e que de uma certa forma são invisíveis para a sociedade”, ressalta.
Durante o fórum, acontecem atividades paralelas, como a abertura da exposição “Arte sob o microscópio”, que reúne 20 imagens de microrganismos causadores de doenças tropicais negligenciadas obtidas através de diferentes técnicas de microscopia. Nesta sexta edição, o projeto bianual passou por ampla curadoria, conectando trabalhos da França, Suíça, Alemanha, Estados Unidos, Brasil, México e Países Baixos.
O projeto de extensão da UFC é resultado da colaboração entre professores, estudantes e bolsistas com o objetivo de promover a divulgação científica de forma acessível, combinando ciência e elementos artísticos em linguagem simplificada. As imagens foram coletadas de bancos de dados abertos ou cedidas por pesquisadores.
A coordenadora do projeto, professora Virgínia Girão-Carmona, afirma que a exposição dialoga diretamente com o fórum. “Nós fomos em busca de imagens de diferentes técnicas de microscopia dos microrganismos causadores das doenças tropicais negligenciadas ou de lesões. Os visitantes vão poder ver imagens, por exemplo, do Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas, ou uma microscopia eletrônica do vírus da dengue, ou seja, as doenças que estão fazendo parte da temática do fórum”, ressalta.
O estudante de Odontologia da UFC e bolsista do Programa de Promoção da Cultura Artística (PPCA/Procult), Nycollas Fernandes, explica o processo curatorial da exposição. “A gente tentou unir duas expressões artísticas, a música e a imagem. Em todas as obras que não foram nomeadas pelos autores, a gente trouxe trechos de músicas brasileiras, tornando mais acessível o tema das doenças tropicais negligenciadas”, afirma.
Após o fórum, “Arte sob o microscópio” seguirá para o Museu de Arte da UFC (Mauc). Também existe a perspectiva de exposição itinerante em escolas e universidades. A exposição é gratuita e aberta ao público.
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