Julho Amarelo: No Ceará já foram identificados 4.158 casos de hepatites virais
- dialogoce
- 16 de jul.
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A maior parte dos casos foi de hepatite C, com 2.185 notificações (52,5%), seguida da hepatite B, com 1.721 casos (41,4%) e hepatite A, com 237 registros (5,7%).

Julho é marcado pela campanha nacional Julho Amarelo, voltada à prevenção, conscientização e combate às hepatites virais, doenças silenciosas que afetam o fígado e podem evoluir por anos sem apresentar sintomas. Apesar da aparente ausência de sinais, os riscos são altos. No Ceará, entre 2015 e maio de 2024, foram registrados 4.158 casos de hepatites virais, de acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). A maior parte dos casos foi de hepatite C, com 2.185 notificações (52,5%), seguida da hepatite B, com 1.721 casos (41,4%) e hepatite A, com 237 registros (5,7%). Ainda segundo o boletim, o período contabilizou 228 mortes associadas às hepatites, sendo 159 delas causadas pela hepatite C, considerada a mais letal e silenciosa.
As formas de contágio variam entre os tipos da doença. A hepatite A é geralmente transmitida pelo consumo de água ou alimentos contaminados, sendo mais comum em áreas com saneamento básico precário. A prevenção é feita por meio da higiene adequada e da vacinação, especialmente entre crianças e pessoas imunossuprimidas. Já a hepatite B é considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), também podendo ser contraída pelo contato com sangue contaminado, como no uso compartilhado de agulhas, alicates e lâminas. Existe vacina eficaz e gratuita, disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo esta a principal medida preventiva. Quando não tratada, pode se tornar crônica e levar a complicações hepáticas graves.
A hepatite C, por sua vez, é transmitida principalmente pelo sangue, especialmente em transfusões realizadas antes de 1993 ou procedimentos invasivos sem esterilização adequada, como tatuagens, piercings ou o uso compartilhado de objetos cortantes. Embora ainda não haja vacina, o tratamento disponível pelo SUS pode alcançar mais de 95% de cura, principalmente quando iniciado precocemente.
De acordo com o médico Lucas Ito, da instituição católica Cruz da Vida, o grande desafio está justamente no fato de que muitas pessoas convivem com a doença sem saber. “As hepatites virais, especialmente a B e a C, são traiçoeiras porque podem evoluir silenciosamente por décadas. A testagem é fundamental mesmo para quem não apresenta sintomas evidentes, especialmente em grupos de risco”, alerta o especialista.
Ele explica ainda que o tratamento adequado salva vidas: “Hoje temos protocolos modernos e acessíveis que garantem alta taxa de cura, principalmente para hepatite C. Mas o sucesso depende do diagnóstico precoce. Por isso, é essencial que as pessoas procurem a rede de saúde, tanto público como privada para fazer exames para rápido diagnóstico”, orienta o médico.
Na maioria dos casos, as hepatites virais não apresentam sintomas nas fases iniciais. No entanto, alguns sinais podem surgir, como cansaço extremo, enjoo, vômitos, dor abdominal, urina escura, fezes claras, pele e olhos amarelados (icterícia) e perda de apetite. Ao identificar qualquer um desses sintomas, é fundamental buscar atendimento médico.
Mesmo na ausência de sintomas, a recomendação é que pessoas com mais de 40 anos, que receberam transfusão de sangue antes de 1993, fizeram tatuagens ou piercings em locais sem fiscalização, compartilharam objetos de uso pessoal ou tiveram relações sexuais com comportamento de risco realizem exames de rastreamento. O exame é rápido, sigiloso e pode salvar vidas.
Com foco na prevenção, diagnóstico precoce e cuidado integral à saúde, a campanha Julho Amarelo reforça a importância de se informar, se proteger, testar e tratar, contribuindo para a redução dos casos e das complicações associadas às hepatites virais em todo o país.
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